Você sabia que cada resposta gerada por uma Inteligência Artificial (IA) pode consumir de 20 a 50 ml de água? Este dado alarmante nos leva a uma reflexão sobre o impacto ambiental da tecnologia que usamos diariamente.
Recentemente, o Google enfrentou um impasse no Chile, onde um Tribunal ordenou a reavaliação de seu plano para construir um centro de processamento de dados, devido à preocupação com o consumo de água. Vamos entender melhor essa situação e o que ela revela sobre o impacto ambiental causado pela expansão da IA e as grandes empresas de tecnologia.
O caso do Google no Chile
Em 2019, o Google submeteu um pedido para construir um grande centro de processamento de dados em Santiago, no Chile. O projeto foi inicialmente aprovado em 2020, mas logo enfrentou oposição dos moradores locais. A principal preocupação era o uso de água para resfriar os servidores do data center, algo essencial para o funcionamento de grandes infraestruturas tecnológicas.
O Chile já enfrentava uma grave crise de seca, e o uso adicional de recursos hídricos na região central do país poderia agravar ainda mais a situação.
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O projeto do Google previa o uso de água do aquífero central da capital chilena, o que alarmou ainda mais a população local. O tribunal chileno, em resposta, decidiu que uma avaliação ambiental mais profunda era necessária antes de continuar com a construção do centro de dados.
Para mitigar as preocupações, o Google sugeriu o uso de um sistema de resfriamento a ar, que utilizaria menos água, mas a decisão final determinou que o impacto ambiental precisava ser avaliado de maneira mais abrangente.
O consumo de água pelos Data Centers
Os data centers desempenham um papel crucial no armazenamento, processamento e transmissão de dados, e a necessidade de resfriamento é um dos maiores desafios para o seu funcionamento sustentável. Esses centros consomem grandes quantidades de energia, o que gera calor excessivo que precisa ser dissipado.
O método mais eficiente para isso é o resfriamento com água, o que coloca pressão sobre os recursos hídricos, especialmente em regiões que já sofrem com a escassez, como o Chile.
Essa demanda por água aumenta ainda mais com o uso intensivo de tecnologias baseadas em IA. O treinamento e a operação de modelos de IA, como o GPT-3, que é amplamente utilizado em diversas plataformas, requerem processamento massivo, e, por consequência, mais água para o resfriamento dos servidores.
A expansão da Inteligência Artificial (IA)e o impacto hídrico
Estudos recentes mostram que a expansão da IA está diretamente ligada ao aumento no consumo de água pelos data centers. O treinamento de modelos de IA exige uma quantidade surpreendente de energia e refrigeração. Por exemplo, data centers da Microsoft nos Estados Unidos podem consumir até 700 mil litros de água para treinar um único modelo de IA. Esse é apenas um exemplo de uma escala muito maior.
- Confira o estudo completo AQUI (PDF – 742 kB, em inglês).
Quando consideramos a quantidade de IA em uso ao redor do mundo, o impacto ambiental se torna substancial. Estima-se que, globalmente, a demanda por IA possa levar ao consumo de bilhões de metros cúbicos de água até 2027. Embora o foco ambiental tenha se concentrado amplamente na pegada de carbono das tecnologias, o consumo de água também deve ser parte da discussão sobre a sustentabilidade.
A reação das grandes empresas de tecnologia
Empresas como o Google, Microsoft e Amazon têm anunciado esforços para reduzir o impacto ambiental de suas operações. O Google, por exemplo, se comprometeu a operar seus data centers com energia 100% renovável até 2030. Contudo, mesmo que o uso de energia renovável mitigue parte do impacto da emissão de carbono, o consumo de água continua sendo uma preocupação que precisa ser abordada.
Com o aumento da pressão de reguladores e do público, essas empresas estão buscando alternativas para reduzir o uso de água nos processos de resfriamento. Entre as soluções discutidas, estão sistemas de resfriamento por ar, uso de água reciclada ou captada de fontes alternativas e a otimização do consumo de energia para reduzir a necessidade de resfriamento.
O caminho para um futuro sustentável
O futuro da tecnologia depende de um equilíbrio entre inovação e sustentabilidade. À medida que a demanda por IA cresce, as empresas de tecnologia precisam se adaptar, adotando práticas que minimizem os impactos ambientais. Isso inclui não apenas o consumo de energia, mas também a gestão de recursos hídricos.
Governos e reguladores desempenham um papel essencial nesse cenário, pressionando por avaliações ambientais mais rigorosas e incentivando as empresas a adotar soluções mais verdes. No caso do Chile, o Tribunal tomou uma decisão importante ao exigir que o Google reavaliasse seu projeto para o data center, considerando o impacto sobre os recursos hídricos da região.
O avanço da IA trouxe benefícios inegáveis, mas também vem com desafios ambientais significativos. O consumo de água por grandes data centers é uma preocupação crescente, especialmente em regiões que já enfrentam escassez hídrica. Empresas de tecnologia como o Google estão sendo pressionadas a encontrar soluções mais sustentáveis para suas operações, garantindo que o progresso tecnológico não comprometa os recursos naturais.
Portanto, é fundamental que, à medida que utilizamos essas tecnologias, estejamos cientes do impacto que elas têm no meio ambiente e exijamos que as empresas adotem práticas sustentáveis. O futuro da IA deve ser construído com inovação, mas também com responsabilidade ambiental.
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Descubra mais sobre o impacto ambiental da tecnologia e como podemos contribuir para um futuro mais sustentável!